segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Pra cá do Egito (umas 5 pirâmides)



O lançamento do aeroporto de São Gonçalo, no RN, é muito importante (é mesmo: o negócio dele é o transporte de cargas de uma economia à altura, e não o de gente fugindo do apagão de estimação); a operação policial que botou João Faustino na cadeia (depois ele foi transferido pro regime do hospital semi-aberto, mas isso é outro papo) também; e a vida de nova rica de Griselda também é de suma relevância, mas hoje não há assunto que me interesse mais do que o Egito.

Sim, o Egito. Por que a cara de espanto? Por acaso você acha que o Egito não está à altura dos escândalos ministeriais brasileiros (olhai, pularam o Lupi no jogo de damas e agora tão querendo derrubar o dominó em cima da pedra do Negromente, digo, Negromonte). Pois fique sabendo que o Egito é um caso que deveria estar hoje nas bocas e nas mentes de todos os brasileiros. Especialmente daqueles que enchem os pulmões no tuite e quando botam o ar pra fora é assim como se derrubassem mais da metade dos freqüentadores da rede social com um vendaval de correção política, ética e probidade que sai da frente. Ah, se as timelines soubessem...

Mas, enfim, e porque danado o Egito interessa a nós brasileiros nesta segunda-feira sem graça, sem ministro perigando cair nas próximas 24 horas, com a novela de Griselda bem no meio – aquela fase que sem reviravolta e como tal sem emoção – e ainda por cima com Dilma em Natal lançando a pista de longa distância de São Gonçalo, tão de longa distância que parece que nunca vai ficar pronta (mas vai, ah, vai)? Ocorre que o Egito, o distante Egito que hoje mesmo vai às urnas em eleições parlamentares, está sendo governado, desde a revolta que derrubou seu Mubarak em fevereiro deste ano, por uma junta militar.

Não, você não se distraiu ou caiu num site sobre os turbulentos anos 60 brasileiros: é junta militar mesmo – e vai durar sabe até quando? Julho do ano que vem. Só aí os pobres egípcios, essa gente sem presença no mundo desde a morte de Cleópatra e seus apaninguados, vão pode eleger um presidente, um Lula, uma Dilma, um FHC, um Collor (ops), enfim, um presidente pra eles chamarem de seu, porque a gente sabe que ninguém vive só à base de pirâmide e tampouco de efígie, por mais intrigantes que elas sejam.

Então: com essa junta militar provisória que está mais para tríplice eternidade e uma eleição marcada por pequenos rumores sobre compra de votos, o Egito nos deixa – a nós, brasileiros – na inédita condição de dar lições ao mundo. Justo nós, que sempre estivemos na condição de aluno mal comportado, sujo e pobre no fundo da sala. Pois hoje, somos nós que podemos encher os pulmões – e fora do tuite, o que faz uma baita diferença – e dizer:

- Aí, egípcio milenar, aprenda com nós, que fomo descoberto onteontem, véi! Junta militar tem que ser mais passageira do que chuva de verão. E rolo com compra de voto em eleição, esquenta não, broder, é questão de ter paciência, sem deixar de combater. É o bastante ou vocês também tão aceitando um pitaco sobre esse lance de favela, APP e mobilidade urbana?

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