Com algum atraso, aí vai a sugestão para os admiradores de Rubem Alves: o documentário feito com o capricho de sempre pela colega Dulce Queiroz para a TV Câmara e que você pode baixar pro seu computador.
Li apenas um livro de Rubem Alves (Ostra feliz não faz pérola) e não posso dizer que seja um fã incondicional. Apreciei boa parte do livro, sobretudo sua forma, em blocos de pequenos textos que abarcam, via fragmento, a totalidade da vida. Mas me incomodou um pouco certa postura antirreligiosa que faz com que a rejeição ao instituto da crença se sobreponha em muito ao sentimento isolado da fé.
É que acho que na soberba do mundo atual, a religião - seja ela qual for, desde que seja honesta - traz um pouco de humildade muito necessária a todos e a cada um de nós, humanos cada vez mais metidos a se sentirem deuses.
Diante do Rubem Alves de carne, osso e emoções que o doc nos traz, senti alguma coisa de performático no pensador que também não caiu muito bem. Ninguém é perfeito, diria Billie Wilder.
Mas é inegável que o documentário dirigido por Dulce é um epitáfio e tanto para o escritor, pensador e pedagogo dessa antididática que coloca em questão o ensino tradicional e, porque não dizer, o viver tradicional.
Destaque especial para as animações de Tiago Keise, um cara que um dia foi editor de imagens aqui na TV Câmara. Belo disfarce para tamanho talento em manipular a delicadeza dos desenhos.
Assistam, divirtam-se, ilustrem-se, discordem de mim, mas vejam esse belo adeus a Rubem Alves - feito, é preciso dizer, quando ele estava vivo, às voltas com os efeitos do Mal de Parkinson, a mesma doença que vitimou meu pai.
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