Todos querem
meu voto pra presidente da República. De uma hora pra outra, uma falange de
candidatos surgiu na bruma da eleição distante. Todos querem mandar no Brasil;
nenhum aparenta querer ser, de fato, mandado por ele – menos aquele outro, tão
espancado politicamente pelos mandões de até outro dia que nem sei se fica bem
pronunciar o nome. E justo ele, este último, é o único a se curvar àquele
derradeiro requisito.
Retomemos o
raciocínio: Eduardo Campos quer meu voto também. Assim como Aécio, faz parte do
grupo cuja candidatura decorre, antes de mais nada, de uma mera distinção
hereditária. Aquele, neto de Tancredo; este, de Arraes – cumpra-se o dever
cívico de validar o que o destino familiar converteu em sina histórica. Fora
isso, o que credencia Dudu – como é chamado pelos primos lá em Recife – a
ocupar o lugar que foi de FHC e Lula? Justamente a política de inversão de
prioridades que fez este último, ao investir na região Nordeste como nenhum
outro presidente havia feito, tudo dentro de um amplo pacote de mudanças que resultou na ascensão social
de 30 milhões de brasileiros antes negligenciados pelo poder central. Se o PIB do Brasil deu um pulo na era Lula, o pibão do Nordeste deu um salto maior ainda. Nesta
brincadeira, Pernambuco foi quem dos que mais se saíram bem. E o nome de Pernambuco nesta
outra brincadeira sucessória aqui é Eduardo Campos, mesmo que o netinho de
Arraes tenha entrado recentemente na adolescência política e virado um rebelde com causa.
Não importa: a origem da presença dele vem do mesmo Lula e do mesmo PT a quem vira as costas. E meninos mimados não dão presidentes obedientes ao que o
país pede – dão o contrário, mandões emburrados que insistem em empacotar a
nação no seu modelo de país.
Falando
nisso, Presidente Barbosão também quer o meu voto. Por coincidência, o
raciocínio aqui descrito para Dudu aplica-se inteiramente ao atual senhor do
Supremo Tribunal Federal. Sem o entendimento do PT – e não só de Lula, embora
sem a determinação deste as coisas talvez não tivessem acontecido – sobre a
necessidade de multiplicidade racial, regional e social no Supremo, Joaquinzão não
estaria lá. Nem ele nem nenhum outro negro que Lula poderia pinçar do sistema
judiciário para democratizar pelo menos o visual do STF. Ocorre que o
Presidente Barbosão revelou-se, diante das câmeras da TV Justiça e das imagens
que ela cede para a grande mídia conservadora brasileira, o tipo do sujeito que
não quer apenas poder; ele aspira ao superpoder. Ambicionar o pode é normal na
democracia; todos os partidos e candidatos o fazem. Reivindicar o superpoder só
é normal nas ditaduras; todos se prejudicam com essa neurose política. Se você
quiser que vote em Joaquinzão pra presidente – da República, que no Supremo é
tudo na base da indicação indireta. Mas, como diria o próprio, depois “arque
com as consequências”.
(continua)
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