O cidadão mais rico do planeta sai de casa pra votar e tudo o que encontra são filas. Na zona eleitoral mais abastada do planeta, máquinas de votar movidas a perfuradores medievais que...dão tilt. Na ilha mais platinada da galáxia, o "sistema", acredite, também fica fora do ar. E em lugares mais remotos, embora ainda nos domínios do país mais opulento da via láctea, aparelhos de votação promovem fraudes: você - você não, que é brasileiro e está fora dessa bagunça; eles, os americanos - vota em Obama e a máquina converte sua escolha para... como é mesmo o nome do perdedor? Ou faz o contrário. A ordem dos fatores não importa tanto quanto o efeito em si da fraude operada. Tudo isso a gente leu nos jornalões ao longo do noticiário sobre as eleições americanas. Sempre, o tempo todo, gritando, implicando ao pé do ouvido, uma variação daquela perguntinha que de tão chata já vai virando piada - o destino de toda implicância associada ao exagero: "imagine se fosse no Brasil".
Se você é do tipo que lê jornal com a tevê ligada, é capaz de ter tido sua leitura atropelada por um muito interessante anúncio de televisão, daqueles que conseguem captar, mais do que qualquer jornalista intelectualmente superequipado, o espírito do momento. Ou, no caso, do futuro - o que é ainda mais difícil: o anúncio da cervejaria Brahma que se diverte em contestar, argumento por argumento, toda a campanha de senso comum sobre o desastre que será a Copa no Brasil, o eterno despreparado. Os anúncios da cerveja rebatem a autodepreciação de quem se julga superior ao país onde vive com afirmações enfáticas e antropologicamente elementares: teremos aeroportos cheios, sim, de torcedores animados; ruas congestionadas também, de brasileiros e estrangeiros vivendo a festa do campeonato. Um colunista na revista Época já havia dito o mesmo, contrariando meio mundo e o resto do que se escreve nessa publicação da editora Globo: que a Copa vai ter sim seu componente de bagunça brazuca, mas que ainda assim será a mais calorosa que já se viu, num evento que poderá até não ter o rigor planejado de um campeonato em terras alemãs, por exemplo, mas vai encantar os estrangeiros com as compensações que temos, como povo e nação, a oferecer em troca. Claro que ele disse tudo isso com outras palavras, mas o sentido era por aí.
Nenhum comentário:
Postar um comentário