domingo, 5 de agosto de 2012

Um novo Tom Zé no terreiro



Também sou do clã - inclusive por questões de origem - do missionário teórico-musical Tom Zé, além de fã de Barretão (veja post anterior). E a edição do Globo deste domingo também traz boas novas sobre o bardo assimilado (e também desprezado, embora agora repescado) pelos bianos maiorais do recôncavo. E as tais palavras que estão no jornal são do maioral maior dentre eles. Caetano Veloso bota a viola no saco e mais uma vez se penitencia diante dos farrapos geniais de seu estranho conterrâneo expelido à face da terra entre os pedregulhos da Bahia-sertão. Leiam comigo:

"Como ali, na tese do 'lixo lógico' (é o novo CD de Tom Zé, que a coluna caetaniana analisa) surge a informação séria que se sabe cômica em seu deslocamento. Como pedir cachaça no avião (em 1968: hoje, cachaça, confirmando o profeta Tom Zé, é assunto de presidente dos Estados Unidos). E o tom com que os aspectos sensatos e os aspectos histriônicos são alternada ou concomitatemente revelados é a força artística de Tom Zé. Aqui mostrando-se rica como nunca, nas menções meio ocultas a nomes, timbres e cadência da época. E de agora. Talvez a intensidade com que isso acontece se desva ao tema ser a Tropicália. Diferentemente da bossa nova, a Tropicália é coisa de Tom Zé. Não só ele fez parte do movimento: ele realizou as obras mais ambiciosas no sentido de caracterizá-lo. É como se eu, Gil, Sérgio Dias e Rita Lee tivéssemos cada um partido para algo livre do projeto inicial: Tom Zé ficou com as questões centrais. E a biografia da Tropicália que ele apresenta nessa nova obra tem muito de autobiografia. (...) Essa versão radical da Tropicália como o choque entre uma mente pré-aristotélica e a terceira revolução industrial é fascinante."

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