O grande
escândalo do mensalão é a figura de Roberto Jefferson, sozinha. Diante de sua
empáfia permanente, desde a era Collor até os dias de STF atuais, a gente é
tentado a imaginar o efeito que faria uma espetada de agulha fina na bolha
daquela soberba em forma de ser humano. Quando ele era balofo como um factoide dos
anos 90, ficava ainda mais fácil: parecia que, ao mínimo atrito entre a ponta
do alfinete e a epiderme plastificada da criatura, ouviríamos aquele fuuuuu que
anima as crianças e o voo ao infinito e além daquele resto de pele que reside
por baixo da vaidade de Roberto Jefferson.
O tempo
passou, ele silenciou o plenário da Câmara dos Deputados denunciando o mensalão
e, evidentemente, aquela soberba de animador de auditório político de terceira
continuou sendo mais e mais inflada. Tanto quanto tenta de todas as maneiras
aspirar a substância do que quer que seja José Dirceu, a grande, velha e
igualmente soberba imprensa brasileira trata de manter cheinho como um balão de
aniversário a figura de Roberto. E ele, claro, faz a sua parte: evoca, como um
titereiro de encomenda feita a si mesmo, figuras de outras áreas que lhe
confiram a credibilidade audiovisual necessária ao show. Roberto pretende ser
algo assim como o Galvão Bueno da política, o Faustão do voto, o Alexandre
Garcia da eleição. Mais remotamente, um Flávio Cavalcanti dos bons costumes.
O julgamento no STF vai ser aproximando e Roberto surfa na onda que ele mesmo levanta, com o auxílio fanático da mídia antipetista. É uma foto atrás da outra, um facebook informal retocando a sanha quase evangélica e semipop do autor da denúncia. Até a doença é solidária a essa acepção – enquanto Roberto ignora que o verdadeiro câncer, o tumor que se infiltra e vai necrosando tudo por onde passa, não é o mal em si, mas ele mesmo. Roberto é essa reprodução incontrolável de células de vaidade e dano político, um germe plantado no coração de um processo de oportunidade e amadurecimento do país que ele quase conseguiu deter. Milhões de brasileiros teriam sido prejudicados, mas não há uma palavra boa como mensalão para tornar essa evidência algo facilmente assimilável.
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