Assim não tem centro da meta que se aguente no lugar. Não
é uma questão de preços, mas de paciência. Coalizão a gente suporta, mas toda
tolerância tem limites. Então dona Dilma chama o vice de Picolé de Xuxu pra dar
uma força à micro e pequena empresa. Eu acho que quando se trata de tucanos e
agregados nunca podemos falar em qualquer coisa que seja micro ou pequena – a soberba
política dessa turma impede qualquer redução, além de causar outros tipos de
cegueira social bem conhecida por prejudicar a saúde do país.
Então dona Dilma manda dona Gleisi, bonita que só uma
paranaense disparada nas pesquisas eleitorais, dizer amém aos caras do
agronegócio na Câmara, garantindo que eles não terão problema nenhum quando se
trata de brecar as demarcações de terras para os novos silvícolas. Ah, bom. E
não é só isso não: a Funai que fique na dela, que quem entende de problema
social é a Em-bra-pa! An-ran...
Tem centro da meta que aguente? Isso aí é inflação para
mais de ano – mas não de preço. É inflação de incoerência, de desvirtuamento,
de olhar pro lado. Quem olhar bem, pro centro, vai ver que há em andamento no
território brazuca, especialmente naquele triângulo, quadrilátero ou
decilátrero, sabe-se lá, formado entre o Palácio do Planalto, o STF e o pombal
de Tancredo uma outra coalização paralela – e muito mais orgânica quando vista
por dentro – entre ruralistas e evangélicos doidinhos para cercar aqueles
gramadões do centro de Brasília e incrementar os próprios interesses.
Desde o início desta gestão presidida por Henrique Alves
que vem crescendo como bolo fermentado na Câmara certa interseção entre
deputados dos dois gêneros – não confundir com outras coisas, pera lá – que pode,
aí sim – e não como diz a ladainha de costume – afastar o Legislativo do povo.
São duas grandes bancadas informais – a frente evangélica que avança como uma
sombra comportamental e política, de um lado, e os ruralistas calçando as botas
de um fortalecimento de que pouca gente se deu conta.
Só agora que o esforço para deter as demarcações
indígenas ganhou as manchetes é que a ficha começa a cair. Mas o processo
começou há algum tempo e vem sendo defendido abertamente, por exemplo, pelo
deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), ruralista que assumiu no início do ano o
comando da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da
Amazônia. Ninguém percebeu porque todos os olhares estavam voltados para
Feliciano – um fenômeno mais fácil de narrar, explicar e angariar audiência.
Aí o pessoal fica com obsessão pelo tomate, pelo partido
de Marina, por Gilmar Mendes – tudo coisa velha, passada, distração para a
plateia enquanto o que interessa segue sua marcha rumo a um tipo de regressão
tão ardiloso quanto cadenciado. Quer outro exemplo? O ministro Paulo Bernardo,
outrora um petista carrancudo dos bons e imune a qualquer suspeita, garantindo aos
capas pretas da televisão no Brasil que “o projeto de Franklin (Martins, de
regulação das comunicações) está definitivamente descartado”. É bonito isso? Tem
que parar tudo, dar um freio de arrumação, quem sabe até perder uma grande
eleição como a do próximo ano para que o pessoal caia na realidade sem rede de
proteção. Lula, sempre ele, continua sendo minha última esperança. E, no
varejo, Gilberto Carvalho que está sempre por perto pra garantir o que for
possível. Mas não tem sido fácil.
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